Independência da América Latina
(1808-1826), processo político e militar que afetou todas as regiões situadas entre os vice-reinados da Nova Espanha e do Rio da Prata, cujo resultado foi o nascimento dos modernos estados independentes da América Latina.
Pode ser dividida em duas grandes fases: a primeira caracterizada pela atuação das Juntas constituídas nas principais cidades americanas e que começaram pelo reconhecimento da autoridade real, porém propiciaram o início do processo de independência, e a segunda pela guerra aberta e generalizada em todos os territórios entre patriotas e realistas.
PRIMEIRA FASE. A ATUAÇÃO DAS JUNTAS (1808-1814)
1. O Rio da Prata
A primeira Junta se constituiu em Montevidéu, em 21 de setembro de 1808, ainda reconhecendo a autoridade do vice-rei. A Banda Oriental dos territórios no Rio da Prata esteve dominada por José Gervasio Artigas, que venceu as tropas realistas, em 1811, mas não pôde ocupar Montevidéu. Em Buenos Aires foi criada uma Junta, em 25 de maio de 1810, que enviou José Rondeau à Banda Oriental e Manuel Belgrano ao Paraguai. Em 14 de maio de 1811 José Gaspar Rodríguez de Francia proclamou a independência do Paraguai. Em 1814 Artigas e Rondeau ocuparam Montevidéu reafirmando o controle sobre a Banda Oriental.
2. O Alto Peru
A primeira Junta que rompeu abertamente com as autoridades espanholas foi a de Chuquisaca, seguida pela Junta de La Paz, constituída em 16 de julho de 1809, que foi dominada pelos realistas. Fim parecido teve a Junta que se constituiu em Quito, em 10 de agosto de 1809, com Juan Pío de Montúfar. Em 11 de outubro de 1810, foi declarada a independência do Equador, mas em 1812 o vice-rei do Peru voltou a controlar toda a região.
3. Nova Granada
A figura de Simón Bolívar ("o Libertador"), dominou o processo de independência da Venezuela. Em Caracas se constituiu uma Junta, em 19 de abril de 1810, que proclamou a independência do país, declarando a República Federal em 5 de junho de 1811. Na Colômbia, a Junta de Santa Fé depôs o vice-rei, em 20 de julho de 1810, e em abril o I Congresso de Cundinamarca declarou a independência da República.
4. Chile
A Junta de Santiago se constituiu em 18 de setembro de 1810, ainda com muitas divergências entre seus dirigentes. Em julho de 1811 o espanhol José Miguel Carrera tomou o poder apoiado por Bernardo O’Higgins.
5. México
A conspiração, iniciada em Querétaro, abriu caminho para o levante do padre Miguel Hidalgo em 16 de setembro de 1810. No sul do país, os revoltosos dirigidos por José Maria Morelos proclamaram a independência do México, mas a enérgica e sangrenta reação do vice-rei restabeleceu a autoridade real.
SEGUNDA FASE. AS GRANDES CAMPANHAS MILITARES (1814-1824)
1. A reação espanhola (1814-1816)
Os realistas retomaram as investidas e Bolívar teve que escapar rumo ao Caribe. No Peru, controlaram a maior parte do território e, no Chile, a falta de entendimento entre Carrera e O’Higgins dirigiu a vitória realista em outubro de 1814. A causa libertadora só triunfaria na Argentina com a independência das Províncias Unidas do Rio da Prata, em 9 de julho de 1816.
2. As grandes expedições (1817-1822)
A guerra generalizou-se em todas as regiões a partir de 1817. No congresso de Angostura (fevereiro de 1819) Bolívar foi nomeado presidente da República da Venezuela; cruzou os Andes e, vencendo em Boyacá, conseguiu entrar em Bogotá. No fim de 1819, foi constituída a República da Grande Colômbia e, em 24 de junho de 1821, Bolívar obteve a vitória de Carabobo, garantindo a independência da Venezuela.
No Sul, o general José de San Martín atravessou os Andes em direção ao Chile, triunfando em Chacabuco, em 12 de fevereiro de 1817. Os êxitos argentinos obtidos no Chile não se repetiram na Banda Oriental, consolidando a separação do Uruguai, que se declarou república independente. San Martín iniciou a campanha do Peru, conseguiu ocupar Lima e proclamou a independência do país em 28 de julho de 1821. Dois anos depois os realistas recuperariam Lima, no entanto, as vitórias de Antonio José de Sucre e Bolívar em Ayacucho foram decisivas.
A INDEPENDÊNCIA DO MÉXICO E AMÉRICA CENTRAL
No México, Agustín de Iturbide lançou um manifesto conhecido como o Plano de Iguala e, em 24 de agosto de 1821, foi declarada a independência. Em 1822 Iturbide incorporou a América Central ao México, atuando contra os desejos da maioria da população. Um ano depois, foi criado o estado independente das Províncias Unidas da América Central.
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